terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Superação e emoção na 10ª edição da Travessia Torres Tramandaí

Largada em Torres, com muita chuva e vento forte
Existem coisas na vida que o dinheiro não compra. Uma delas foi o prazer de completar a ultramaratona TTT 2014. Considerada pelos organizadores e atletas mais experientes como a mais casca grossa de entre todas as edições. “Uma TTT para ficar na história. Foi dura? Sim. Sofremos? Sim. Mas pensando aqui com meus cadarços: foi a melhor de todas. Quem enfrentou essa pedreira terá uma história eletrizante para contar durante a vida inteira”,  escreveu no seu blog Santa Corrida, a vencedora da prova feminina Daniela Santarosa. Mais do que uma superação física as ultras são um duelo espiritual, a mais sedutora luta entre o corpo e a mente... É correto afirmar que o dia em que a corrida acontece é na verdade o dia mais fácil, porém nesta ocasião esta afirmação não se encaixa. Sabemos que o duro não é correr a distância, e sim aqueles intermináveis treinos longos de 24 a 35 km aos sábados bem cedo, enquanto os nossos familiares e amigos ainda desfrutam da cama aconchegante, é justamente nesse árduo caminho feito de muito suor, treinos de series, ritmados, ladeiras, dores musculares e centenas de quilômetros rodados, com sol ou frio e muitas vezes realizados antes e depois de um dia de trabalho desgastante, que algumas pessoas desistem da ideia de participar de uma ultramaratona. Imagine completar uma Ultramaratona que tinha o percurso de 81km, pela beira da praia com chuva forte e vento intenso de 25km/h nos primeiros 35km de prova. O período de quatro meses de treinamento me deixou preparado mentalmente e fisiologicamente, mas as adversidades e os obstáculos durante o trajeto da prova quase me fizeram desistir do sonho de completar esta prova (que somada a Maratona Internacional de Porto Alegre e a Supermaratona de Rio Grande 50k, formam a trinca dourada aqui no sul).
Confraternização
Minha estreia na Travessia Torres-Tramandaí (TTT) categoria solo foi difícil, mas eu já imaginava...
Prova da dificuldade extrema dessa edição está no numero de participantes que concluíram a ultra (72 de 118 inscritos) e o aumento dos tempos de conclusão dos primeiros colocados na categoria individual. André Brüch, pódio masculino, completou em 7h56min (no ano passado, o tempo do primeiro tinha sido de 6h15min). A campeã feminina, Daniela Santarosa, ganhou pela terceira vez consecutiva, com um tempo de 8h11min, mas não bateu o próprio recorde, de 7h48min em 2013. Mas ela conseguiu o feito de chegar em terceiro lugar geral.
O mais impressionou nesta disputa? O espírito esportivo e a solidariedade dos participantes. Diante das dificuldades, muitos competidores se ajudaram para conseguir se manterem "vivos" durante o trajeto. Vale lembrar que toda estrutura montada pelos organizadores do evento funcionou perfeitamente, postos de hidratação e de alimentação sempre com staffs atenciosos prontos para atender qualquer necessidade dos competidores. Varias ambulâncias com profissionais de enfermagem e algumas motos davam o suporte para os atletas machucados durante o percurso.
“Hoje a prova foi de superação do início ao fim, já que todas as previsões acertaram e, já na largada, às 6h da manhã, tava um temporal inacreditável. E um vento contra que eu nunca vi na vida.
Mas é impressionante a cumplicidade e a solidariedade dos ultramaratonistas. Apesar de estarmos todos competindo entre si, assim que entramos na praia em Torres e vimos a situação que estava, formamos um grupo de 7 atletas que foram se protegendo do vento, e dividindo a comida e a bebida, já que todos os nossos ciclistas não conseguiram pedalar com aquele vento e chuva”, relatou o campeão André em seu perfil no Facebook.
Em seu site, a vencedora da prova feminina Daniela também falou sobre a solidariedade entre os colegas. O apoio dela, Ariel de Deus, acompanhava a corredora de bicicleta e foi um dos poucos, nessas condições, que conseguiu se manter acompanhando a atleta. Assim, eles conseguiram ajudar outros tantos, dividindo a suplementação tão indispensável a quem corre distâncias tão longas (lembrando: a TTT tem um percurso total de 81.240 metros).

Daniela Santarosa, campeã feminina da UlTTTra. Foto: Félix Zucco
Meu amigo Moisés Carmona, quarto colocado geral e Daniela Santarosa, campeã feminina da UlTTTra.
 
Cruzar a linha de chegada, mesmo que em condições muito debilitadas, foi o resultado de alguns meses de trabalho árduo e planejamento, momento único, é a glória indescritível que se sente na linha de chegada ao ser premiado com uma simples medalha que simboliza o nosso esforço e sempre que olharmos para ela, nos fará lembrar com orgulho e satisfação de tudo o que fizemos e sofremos para merecê-la. Mais uma vez (2013 realizei a prova em um quarteto masculino) este desejo foi concretizado e agora vou desfrutar de algumas semanas de descanso, e é claro, muitas cervejas geladas...Parabéns a todos os GUERREIROS que participaram da TTT 2014- 81km do mais puro sentimento de vitória.

  
 


sábado, 18 de janeiro de 2014

TTT 2014: expectativas, histórias e “não-conselhos” - por Daniela Santarosa

Crônica da jornalista e ultramaratonista Daniela Santarosa.

Faltando menos de 10 dias para uma das competições mais esperadas do Sul do país, a Travessia Torres-Tramandaí (TTT) – que chega na sua décima edição mais disputada do que nunca –, a ansiedade para as centenas de atletas que vão encarar a prova cresce a passos largos. Não consegui obter os dados de quantas pessoas estão inscritas em 2014, mas acredito que, em termos de quantidade e qualidade dos competidores, será um ano inesquecível.
Bem, para ser mais sincera (e sem querer aterrorizar, mas já aterrorizando), inesquecível sempre é. Seja pelo calor, pelo vento contra e areia fofa (vide a nona edição), pela alegria contagiante, pelos veranistas-torcedores, pelo espírito de equipe onipresente ou por histórias hilárias, como o prêmio que ganhei em 2012 ao vencer a prova: um troféu e UM pão de forma. Sério. Pelo menos era um “sete grãos”. Até hoje dou muitas risadas disso. Mas enfim, não é esse o intuito desse post. É falar sobre a carga de ansiedade que marca os dias (e, no caso de muitos, meses) pré-competição, e a impressão que tenho de tudo isso.ttt1
Planejei fazer pela última vez a prova, pelo menos na categoria solo. Já corri outras quatro vezes: duas sozinha, em 2013 e 2012, quando bati o recorde feminino da prova em ambos anos; em dupla, em 2011, quando também tive a alegria de erguer o troféu de primeiro lugar ao lado do Luciano D’Arriaga (que gentilmente cedeu sua vaga para mim neste ano, pois estará impossibilitado de correr devido a sua tese de mestrado. Ele coletará sangue dos ultramaratonistas antes e após os 82 quilômetros para analisar biomarcadores de lesão muscular). E outra vez em quarteto, bem mais light, mas igualmente bacana. Como viajei para o Japão no período de inscrições, desta vez comi mosca e…ixi, quase fico de fora! Mas enfim, até que provem ao contrário, vou lá dar uma de “camelo-pangaré-paraguaio” mais uma vez.
É natural que muita gente me pergunte como fazer para correr a TTT sozinho, ou em duplas. Qual o segredo, que tênis usar, como fazer a hidratação e alimentação adequada, entre outras manhas. Como não sou treinadora, mas já tenho uma boa experiência nesse tipo de desafio, sempre dou um ou outro toque, sempre com base na minha vivência, claro – que é muito baseada nos erros e acertos.
Para não cometer nenhum grave equívoco e também para não me meter de pato a ganso, meu conselho é: não dar muito conselho. Isso é muito individual e cabe aos especialistas. Até porque o que serve para mim, dificilmente funcionará num outro atleta. O tênis que uso, de quantas em quantas horas me alimento, etc, etc. Besteira achar que é uma fórmula pronta. Defendo o treino individualizado, baseado em uma série de variáveis analisadas com calma.
Olhando para trás, confesso que, na primeira vez que saí lá de Torres às 6h, não tinha noção do que estava fazendo. Já comecei errado, saindo quase 10 minutos atrás dos outros corredores – sim, até isso ocorreu. Todo mundo na praia e eu lá, pegando o chip na barraca com o Corpa. Tanto que, quando cruzei a linha de chegada em Imbé, explodi de felicidade. Estava em êxtase, tentando encontrar uma explicação para tal acontecimento. Ainda tenho amigos que olham para mim e perguntam: “como pode? Olhando para ti, nem dá para acreditar o que tu faz…”. Realmente, é meio insano, sim. Pegue o carro e faça mais de 80 quilômetros. Olhe a paisagem, veja quanto tempo demora. Agora imagine percorrer isso a pé, em menos de oito horas. Não, não é fácil pra ninguém. Quem diz que é moleza, estará mentindo. E feio.
Cada um tem um limite, e eu vivo testando o meu. Não sei se é um parafuso frouxo, autoestima em baixa, tendência suicida, cabeça dura ou qualquer outra patologia. Mas é um vício maldito. Confesso que deveria me preparar melhor para algumas provas, ouvir mais os conselhos e orientações de treinadores, fisiologistas, psiquiatras, nutricionistas e ortopedistas. Todo esse aparato só vem ajudar. Eu admiro quem consegue fazer tudo certinho, como manda o figurino. Porém, eu vou aprendendo no meu ritmo – e sempre fiz assim, desde a época que aprendi a surfar olhando os garotos e tomando onda na cabeça, engolindo muita água.
Para quem vai marcar presença na Travessia Torres-Tramandaí pela primeira vez, esteja certo que dia 25 de janeiro será um dia pra ficar na história. Para quem vai em duplas ou estrear na categoria solo, desejo muita sorte, porque a pedreira é braba. Espero que possa abraçar a todos amigos no final, ouvir inúmeras histórias emocionantes de superação, e, claro, contar algumas delas. Pelo que estou vendo, personagens incríveis não vão faltar.
Nos vemos em Torres – ou melhor, na Barra do Imbé!

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Vamos começar novamente...chegou 2014!!

2013 foi um ano maravilhoso, cheio de surpresas boas, conquistas que foram fruto de muito suor, dedicação e trabalho. Tenho certeza que 2014 vai ser um ano muito especial, principalmente porque no ano que passou, fiz muitas amizades através das corridas e conheci pessoas muito legais de todos os cantos deste imenso Brasil. O planejamento para este ano já começou, com duas provas marcadas para o mês de Janeiro. Uma delas inclusive esta me tirando o sono...são os 82km da Travessia Torres-Tramandaí, prova que se realizará no dia 25/01 em pleno litoral gaúcho. Mas depois eu conto se consegui ou não finalizar este desafio. Um Feliz Ano Novo a todos.
Que em 2014 possamos dividir o asfalto em alguma corrida por ai, muitas realizações e alegrias!...Bem vindo 2014